Aumento de vagas no MIR 2023-2024: Este aumento é suficiente?

  • Total de 11.600 mil vagas ofertadas na chamada MIR 2023-2024.
  • A Medicina de Família e Comunidade continua a ser a especialidade com mais vagas, embora muitas vagas não sejam preenchidas.
  • Aumento de vagas para candidatos com deficiência e cidadãos de países terceiros.

Aumento de vagas MIR

A notícia foi muito aguardada pelos estudantes de medicina. Agora, graças à constante recolha de assinaturas, à mobilização social e à pressão dos sindicatos, o Ministério da Saúde decidiu aumentar o número de vagas no MIR (Médicos Residentes Internos) para a convocatória 2023-2024. Com este esforço, pretende-se atenuar a escassez de especialistas que afeta os centros hospitalares de toda a Espanha.

Nunca deixa de surpreender que um sistema de saúde considerado referência em muitos outros países do mundo sofra de uma falta estrutural de médicos especialistas. No entanto, este não é um problema recente, mas sim um problema que vem fermentando há décadas. O aumento de vagas no MIR é uma medida importante, mas muitos especialistas concordam que não será suficiente para resolver o problema subjacente.

Aumento de vagas no MIR 2023-2024: é suficiente?

Lugares MIR

Na convocatória 2023-2024 para a Formação Especializada em Saúde (FSE), um total de Praças 11.600, que é um Aumento de 3,8% em comparação com a chamada anterior e um incrível 38% a mais se compararmos com a oferta de 2018. Destes, especificamente para Medicina, foram alocados. Praças 8.767, o que representa um aumento 2,5% comparado ao curso anterior.

Apesar desta melhoria, alguns especialistas do sector da saúde, como a Dra. Sheila Justo, secretária técnica dos Jovens Médicos e MIR da Confederação Estadual dos Sindicatos Médicos (CESM), manifestaram que este aumento pode não ser suficiente. A razão é que, embora o número de vagas tenha aumentado, o sistema eleitoral e o falta de incentivos Para certas especialidades continuam a ser barreiras importantes. Principalmente na Medicina de Família e Comunidade, onde mesmo aumentando em 34 o número de vagas oferecidas, ainda há uma falta estrutural de profissionais.

Especialidades com maior oferta no MIR 2023

Especialidades MIR

Quanto às especialidades, o MIR-2023 ofereceu 2.489 vagas em Medicina de Família e Comunidade, especialidade com maior número de vagas disponíveis. Segue-se a Pediatria e Áreas Específicas, com 508 vagas. Estas áreas são consideradas fundamentais, uma vez que são essenciais para o funcionamento do Sistema Nacional de Saúde (SNS). Contudo, apesar da importância destas áreas, a realidade é que muitos destes cargos não estão a ser preenchidos.

A título de exemplo, no concurso anterior para Medicina de Família e Comunidade, havia mais de 200 vagas. As razões por trás deste fenômeno são múltiplas, incluindo condições precárias do trabalho na Atenção Básica, o falta de incentivos e a sobrecarga de trabalho a que esses especialistas estão submetidos.

Outra especialidade que é particularmente preocupante é Psiquiatria Infantil, que teve um aumento significativo em alguns lugares, passando de 30 para 48. Esta especialidade é essencial para fazer face ao peso crescente dos problemas de saúde mental em crianças e adolescentes, uma preocupação latente e cada vez mais visível no setor da saúde espanhol.

Vagas reservadas para pessoas com deficiência e candidatos de países terceiros

aposentadoria ativa

Uma das novidades significativas do aumento de vagas no MIR é a inclusão de um maior número de vagas reservadas para pessoas com deficiência e candidatos de países terceiros. No total, eles foram reservados 812 vagas para candidatos com deficiência, o que representa 7% do total de vagas disponíveis. Este aumento é particularmente importante porque abre oportunidades para que mais pessoas com deficiência tenham acesso à formação especializada em Medicina.

A respeito de candidatos não pertencentes à UE, a cota de vagas é de 6%, o que equivale a Praças 526 para Medicina. Para a Enfermagem o número é menor, com três vagas reservadas; e para Farmácia foram atribuídas apenas 21 vagas.

Além disso, foi estabelecido um procedimento para uma chamado extraordinário caso, após a convocatória ordinária, existam vagas não atribuídas. Este convite permitirá aumentar para 10% a quota de vagas para candidatos de países terceiros. De referir que este procedimento visa evitar que as vagas fiquem por atribuir, tal como aconteceu em concursos anteriores.

Medidas adicionais: estabilização e reforma ativa

O Ministério da Saúde não se concentrou apenas em aumentar o número de vagas no MIR, mas também anunciou uma série de medidas adicionais para melhorar o sistema de saúde como um todo. Entre eles destacam-se os estabilização de mais de 67.300 profissionais e a ativação de um mecanismo de aposentadoria ativa, o que permitiria que médicos aposentados continuassem trabalhando se assim o desejassem, ajudando a amenizar a escassez de profissionais.

Além disso, um aumento na 15% das vagas disponíveis em escolas médicas públicas. Esta medida visa que, nos próximos anos, o número de médicos que ingressam no mercado de trabalho seja adequado para cobrir a crescente necessidade de médicos especialistas.

Apesar de todos estes esforços, é evidente que a melhoria das condições de trabalho de especialidades como a Medicina de Família e Comunidade é essencial para que este aumento de cargos seja eficaz. Segundo o doutor Rafael Micó, vice-presidente da Sociedade Espanhola de Médicos de Atenção Básica (Semergen), não basta continuar aumentando o número de vagas se elas não forem preenchidas. É preciso tornar mais atrativa esta especialidade, que continua a ser uma das menos solicitadas apesar da elevada necessidade de profissionais.

O aumento do número de vagas no MIR é um passo na direção certa. No entanto, a solução para o défice de médicos especialistas em Espanha exige uma abordagem abrangente que não só aumente a oferta formativa, mas também aborde os problemas estruturais do sistema de saúde, especialmente na área dos Cuidados Primários. A melhoria das condições de trabalho, a estabilização do pessoal e um melhor planeamento dos recursos humanos são apenas alguns dos aspectos que devem continuar a evoluir para que estas novas medidas sejam verdadeiramente eficazes.


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